Para "Uns braços", de Machado de Assis

Tão segredo, tão secreto

Esse nosso coração.

Tão mistério e tão aberto

Nossa vida de pulsão.

Que não possamos ver

Os sonhos uns dos outros,

Mas que possamos sentir

O beijo real sonhado

O abraço acalentado

E a felicidade que há de vir.

E sorrir.

Rir pelo imaginado,

O vivo mortificado,

A realidade impossível

que aconteceu.

A ideia ultrapassada

Que a paixão mereceu.

E que possamos caminhar na praia

Sem olhar para trás,

Sem arrepender dos sonhos

E dos feitos a mais.

Sem saber da verdade

Mas sentir o que ela faz.