Nossos pães

Deste-me o pão do teu sustento;

deste-me o teu pão,

que o alimenta em meio aos sarais.

Não, não vendeste.

Não ofereceste, barganhaste.

Mas, sim, deste-me do pão da tua mesa;

pão que o sustenta,

para achegar-se à ela antes de mim.

Pão que o revigora para rolar no chão com o curumim,

para tocar tua viola, soltar tua voz no ar.

Foi deste pão, que também

sustenta sua amada,

para que calada ela não fique,

foi dele que me deste.

E eu, o que posso dar?

Humildemente, um pão

que ainda não é de meu sustento.

Despedaça, revigora, nasce, cresce,

reproduz, vive, é recebido, inspirado,

iluminado, feito, decretado,

amado, odiado:

meu pão é doce e amargo.

O meu é assim, o seu é assado,

mas e o nosso?

O nosso, que em conjunto proclamamos,

o qual juntamente devoramos,

é o pão da vida, a carne

morta e ressurreta, o sangue embebedante,

o corpo crucificado.

- Este, o nosso, não é asmo,

nem levedado, batumado,

mas, sim, o pão da rocha, ensanguentado.

Não o vomitamos, tampouco regurgitamos,

mas o digerimos em estômago fértil -

O teu pão (de sustento) é tocado e cantado,

e o meu é escrito e lido.

Já o nosso, de vida, é vivido.

Então, mastigando, clamemos:

Ah, Senhor! Dá-nos o pão

sustentador de cada dia,

mas ainda mais o pão da vida!

Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.

[18/08/13]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 18/08/2013
Código do texto: T4439864
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