Alma Multicor (A Juliana Tostes Solani)

Tristezas desfiadas no azul de Modigliani,

Esperanças mortas em riachos verde-musgo,

Ondulações negras de sonho em abundancia

Para taparem a raiz da riqueza dourada de teu ser,

Negas o Apolo que radias,

Afoga-se em Dionísio que te consome,

O olho de Horus a esquerda de teu busto

Vigia a vida torta que tu gostas, a perfeição canhota,

Derrete a neve que lhe envolve ruborizando

Com a cólera do vinho, encontra a paz

Na melancolia acinzentada das nuvens de tabaco

Que tua boca rege em música no ar,

Bebe teu café de angústias dividindo-o

Com as páginas dos livros amarelados

Envelhecidos como as reminiscências nostálgicas

De tua alegria familiar definhada pela loucura

Da normativa bestial da cultura, do senso insensato,

Da ignorante violência que nos tolhe

Por amarmos o que não podemos salvar.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 27/07/2013
Reeditado em 29/11/2023
Código do texto: T4407763
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