À distância

Ela não é ridícula,

mas sim a incredulidade de muitos.

Não é patética,

a desesperança da maioria que o é.

Sim, esta é via dolorosa,

água muito mais salgada

do que possa se esperar;

mar profundo, oceano vasto

sem perspectiva de terra à vista.

Obelisco concreto, estrada tortuosa.

Ela nunca vem sozinha,

pois a avenida da saudade

sempre a acompanha.

A longa viagem, o suor quente

não são em vão.

Sim, há um deserto a ser percorrido,

longo e de viagem estonteante,

mas que dará em um manancial

de águas frescas.

Alegra-te, homem!

Pois tua mulher o espera.

Tenha esperança, mulher!

Pois teu homem está a caminho.

[Animem-se, mutuamente]

No tocante de muitas milhas,

o que teria eu a dizer?

Que, de fato:

a gasolina será muita,

será cara.

Pois a viagem será longa,

não será rasa.

Mas valerá a pena...

A gasolina custará, suará,

tomará nosso tempo e suor... mas valerá a pena.

A gasolina será tanta, muita,

bastante ela será,

pois a viagem será longa,

não será curta, demorará.

Mas, valerá a pena...

A estrada será longa, mas valerá a pena!

A distância, este céu aberto

ao grande mausoléu da lembrança

de quando estavam abraçados,

não é má.

Ela é boa. Ela aproxima.

Ela não fatiga. Ela não sua, ela não dói.

Ela amanhece em seu chamar,

ama seu falar; ela o abraça.

Ela é viva, ela ensina.

Ela é sábia, adestra sua alma à companhia.

Ela mostra o valorizar, o doce chamar.

A distância, esta maravilhosa,

mata nossos altares,

meu ídolo e sua estátua.

Ela não deixa o abraço esquentar,

o beijo sexualizar.

Ela não mostra o pijama da sensualidade,

tampouco a nudez de parto.

Ela nos ensina a peregrinação,

a paciência longa, porém doce,

esperança e longanimidade e espera.

Ela admoesta, exorta, anima.

Ela nos faz andarilhos, viajantes,

conhecedores, estrangeiros

de sotaque estranho e engraçado.

Ela ama você, e me ama.

Ela posta o arco aberto, e a espada

faz mais cortante que o aço.

Ela um dia será morta,

mesmo estando já mortificada.

Pois, mesmo tão distantes,

eles estão mais próximos

do que se possa imaginar.

O Senhor da distância

é o Senhor da proximidade.

E o Senhor da proximidade,

também da distância.

Que o Criador

da estrada dolorosa, via tortuosa,

encurte nossos passos, se assim quiser.

Que o Criador

da doce proximidade, companheirismo gracioso,

distancie nossos andares, se assim desejar.

Ele é o Criador, Senhor e Sustentador

tanto da distância como da proximidade.

Que Ele sustente

tanto a distância, quanto a proximidade.

Meu agradecimento

ao Senhor e Criador

da distância, por esta

ser tão sábia e generosa.

À distância, meus cumprimentos.

À longínqua, meus agradecimentos.

À ela, ao final, minha condolência.

Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.

[27/07/13]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 27/07/2013
Reeditado em 10/12/2013
Código do texto: T4406835
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