CORAIS DE CORA
Alusão de um sentido dilacerado
Entre gemidos que ecoam pela vastidão...
Transponho galhos deste cerrado
De um pomar oculto pela voz do sertão.
Copas de Coras a recitarem versos
Num universo confinado junto aos ventos
Sei que, quiçá, em outros regressos
Caminhavas envolvida pelos teus relentos.
Da janela da casa, junto daquela ponte
Aninhava-se a noite nos braços da senhora
Que regia estrelas d'uma aclarada fonte,
Ressurgindo com o dia ao retorno da aurora.
Canteiros de flores, versos entre amores,
Amoras colhidas de um sótão na lembrança...
Talvez o tempo lhe acenasse entre dores
E aquela anciã voltasse a ser linda criança.
Agora menina, traz consigo um rouxinol,
Entoando o canto que tanto me comove o ser
E sobre bordados de um cândido lençol
Poemas se recolhem no colo de um adormecer.
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"Sussurro profundo! Marulho gigante!
Tal vez um silêncio!... Tal vez uma — orquestra..."
(Cora Coralina)
Poema inspirado em minha viagem ao estado de Goiás, entre cidades belas e paisagens encantadoras.
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Giovanni Pelluzzi
Goiás/GO, 15 de junho de 2013.