O poeta e seus vários eus

Sou um fã alucinado de Fernando Pessoa.

Seus poemas são minhas bíblias.

Seus diversos “Eus” o meu delírio.

Uma mostra:

Fernando Pessoa: Por Ele-Mesmo:

“O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.”

Alberto Caieiro:

“Não acredito em Deus porque nunca o vi.

Se êle quisesse que eu acreditasse nêle,

Sem dúvida que viria falar comigo

E entraria pela minha porta dentro

Dizendo-me, Aqui estou!”

Álvaro de Campos:

“Nada me prende a nada.

Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.

Anseio com uma angústia de fome de carne

O que não sei que seja -

Definidamente pelo indefinido…

Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto

De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.”

Ricardo Reis:

“Quando, Lídia, vier o nosso outono

Com o inverno que há nêle, reservemos

Um pensamento, não para a futura

Primavera, que é de outrem,

Nem para o estio, de quem somos mortos,

Senão para o que fica do que passa -

O amarelo atual que as fôlhas vivem

E as torna diferentes.”

Não quero, nem posso, não tenho condições de falar nada sobre Fernando Pessoa.

É só uma ideia!

Um insight!

Pergunto:

Você conhece alguma coisa de Fernando Pessoa?

Não?

Procure conhecer, por favor!

Você vai conhecer o único ser humano do mundo que por não caber dentro dele mesmo se transformou em diversas pessoas… ao mesmo tempo.

Fernando ‘Pessoas’ é o seu nome.

E só fez isso, talvez, para não morrer engasgado com a pequenez do seu Eu-Mesmo!

A eterna mediocridade do ser humano!