As madeixas

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Doirados cabelos, alma de sublime beleza;

As curvas, em perfil, transcendem de leveza...

O sorriso, espontaneamente solto;

os entreabertos lábios que me deixam afoito...

Tudo prescinde a concretude, bastando-se em si.

E, perplexo no encanto, venero a tela que vi.

Distante, desfocada, a natureza se curva...

E a tela, sobressaindo, envolvente e turva,

contrapõe-se no maniqueísmo do desejo:

de um lado a realidade; do outro, o dócil pejo.

As lentes escuras das artificiais armações,

escondem teus lindos olhos, de convites e senões.

Todo lábio implora o toque – desastrosa previsão!

À distância, porém, ouso tocar a tela fria, ilusão...

A blusa negra, absorvendo o calor da luz,

protege a nobre curva do meu desejo e me seduz.

Ah, mas os tolos, tolos poetas – que safados!

Desnudam sem maldade os desejos sobrestados.

Crato-CE, 4 de Junho de 2013.

12h42min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 04/06/2013
Código do texto: T4324777
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