NÃO MERECES

Meus versos são vãos, são ocos, vazios

lhes sobram palavras, lhes faltam idéias...

e mostro um exemplo para que o creias:

o enorme silêncio escutado nos rios.

Meus versos não têm nem sal, nem açucar

nem graça e encanto, são muito banais...

às vezes são débeis ou então siderais

e chegam a amargar de tanta doçura.

Não são consistentes meus versos. De fato

divagam, se perdem, não têm sentido...

se algum o possui é bem escondido

como disfarçamos o pranto contido.

Se acaso lhes falta o lume da essência

ou mesmo a magia da inspiração

lhes passo coragem e alguma paixão

que rompam os muros da indiferença.

O que têm meus versos? Palavras, palavras!

despojos imundos, besteiras, carências

são frágeis e frios, inúteis e loucos

ou alucinações que vejo no escuro.

Às vezes são secos, irônicos, tristes

inventam-se abraços, amores, carícias...

meus versos são rosas repletas de espinhos

cascatas de pranto, de pedras e abismos.

Mesmo assim, meus versos, quando os escrevo

me levam a mundos estranhos, distantes,

a belas paisagens e insólitos cantos

porque eu sem eles já não me encontro.

Por isso os escrevo, não importa que às vezes

pareçam ridículos, estranhos e avessos

eu sei que escrevê-los não me custa nada

não são, meu leitor, os que tu mereces.

Lise

junho/2005

Ceres Marylise
Enviado por Ceres Marylise em 17/08/2005
Código do texto: T43240