Que há?
Que é que há seu moço, que vês nas outras e que não encontras em mim? Será por causa desses anos lavrando debaixo do sol? Dessas mãos encouraçadas que machucam o seu rosto? Será por causa dessa falta de vírgulas e acentos que empobrecem o meu falar? Dessas panelas amassadas nesse velho fogão de lenha? Será que as outras são melhores por não serem desse jeito? Por não trazerem consigo as rachaduras do tempo? Por não falarem assim, por não vestirem assim? Por não trazerem a cicatriz de por onde você passou? Saiba que as outras não guardam seus primeiros sapatinhos. Não suaram, não choraram, não sofreram por você. Saiba que não te fizeram esse homem de poder. Não te amaram, nem ficariam assim por você.