Madalena!

Na pele morena as rugas

Marcas de sabedoria.

Nos cabelos perfumados, um ou outro brancos

Sinal da bravura dos 70 anos

Parece-me invencível.

Nos olhos cor de jabuticaba

O brilho igual da onça

Faceira, seu corpo firme, suas penas torneadas.

Imagino o quanto não eras bela

No desabrochar da juventude.

Bebo com avidez seus conhecimentos

Lamento o atraso, porém estamos a nos tocar.

Você no meu coração e eu querendo me aninhar

No teu colo acolhedor, ser tua netinha

Herdeira dos muitos ensinamentos da vida

Sangue indígena, devoção cigana,

Só agora percebo de onde vem minha inquietação

Vontade de ser livre e corre o mundo

Madalena! Minha jovem indiazinha vejo-a eternizada.

No romance Iracema de José de Alencar.

Dilene Moreira
Enviado por Dilene Moreira em 27/03/2007
Código do texto: T427383
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