"Poetas e poesia II"

Há quem diga que sou ácida,

mas, para provar do mel é preciso o gosto

agridoce da minha boca que diz e cala

e eu até diria que ousada não sou

sou como você me vê, já dizia Clarice

ventania na inconstância dos versos

harmoniosa na brisa do afago

depende, com certeza...

... de como e quando você me vê passar

tudo e tão somente você ... o resto... é tolice!

Incompreendida? Não, nunca fui

sempre entendida em tudo e nos pormenores

e da incompreensão entendo serenamente

que é tão somente a poda de Cecília Meireles

que me ensinou a ser inteira

observando as primaveras, sendo como a lua...

fases ou faces... por vezes sozinha, por vezes só sua...

... portanto romântica!

Ah! E quem diria...

que também viria essa tal de Prado

a Adélia meus amigos que de mim fez caso

quando afirmou que de vez em quando Deus

nos tira a poesia e da pedra, ela só vê a pedra,

nada mais ... que coisa não!!! Não é que é de fato

a magia se desfaz quando não estamos a contento

e por isso também, como ela, prefiro o sonho

que me enche as noites e extravasa ao dia e mais ...

preenche a vida e ainda ... não morre!

Pois é essa pequena dissertação para apresentar-me

em meio ao fenômeno natural do feminino cobiçado

desejado, mas jamais visto em suas reentrâncias...

E lá estou de novo com minhas palavras tortas a te

confundir e te fazer perder-se de mim ...

Não, não te perturbes se já não sabes quem sou,

como me entender, faça como Hilda Hilst nos ensinou:

Olha-me de novo porque me olhei como se você me olhasse

e me vi como água, escorrendo desejante e desejada!

Se nada te pareço e nada consegue me definir

tudo bem passe e caminhe adiante, mas escute dentro

estarei a te perturbar agora, amanhã e como sempre

por aí a fora ... naquele, lembra? ... Antes!!!!

- Kátia Golau Cariad -

Kátia Golau Cariad
Enviado por Kátia Golau Cariad em 26/04/2013
Reeditado em 26/04/2013
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