Deskanto

Anda, Kant,

no tiquetaque do meu relógio.

Tenho um tempo na boca,

outro no coração.

De tanto parado está,

na reflexão dos meus ponteiros

de passos ligeiros,

não anda.

Não possuo relógio.

Deskanto meu encanto

no tique-taque do que

me mostra a vida

nua ou vestida

nas cores de certos relógios

que desgovernam o governável...

Anda, Kant, então...

Vai!

Deixa-me a pensar

com o meu tempo,

com a minha vida...,

com os bons ventos...

onde o tempo não há

de tudo!