Para Abel

Tu, filho meu,

estás no peso dos meus passos

carrego nos risos de minha dor.

Em teu coração estão meus sonhos

e nem te disse deles.

Guardei-os em ti para me dar

quando já envelhecidas

minhas palavras te contassem deles.

Quando a morte me quiser,

antes de ela levar-me, tudo te direi.

Mostrar-te-ei as pegadas dos passos escondidos,

o feio e o bonito

que a vida me deixou traçar.

Quando errares, erro eu.

Quando acertares, será tu que o fazes.

Mas meu coração, mesmo morto,

te caberá pra sempre em minha alma.