Mote a Patativa do Assaré

Assaré sente saudade

Do seu poeta virente

Patativa o seu apôdo

Figura extraordinária

Personagem literária

Um ramoso rapsodo

Cantara o nordeste todo

Com seu espírito vidente

Falara do mais carente

Pregara a modernidade

Assaré sente saudade

Do seu poeta virente

Seu gênio trovadoresco

Demonstrou grande faceta

Falou do nosso planeta

No seu trabalho grotesco

Talento madrigalesco

Repentista transcendente

Exegeta sapiente

Uma genialidade

Assaré sente saudade

Do seu poeta virente

Um gênio sem formação

Um repentista polêmico

Não teve curso acadêmico

Versava por vocação

E na metrificação

Demonstrou ser coerente

Bem jovem cantou repente

Deixou na maturidade

Assaré sente saudade

do seu poeta virente

Inspiração nordestina

Cante lá que eu canto cá

Representa o Ceará

Com a vida campesina

Toda fonte repentina

Promana tranquilamente

O menestrel contundente

Não foge a realidade

Assaré sente saudade

Do seu poeta virente

Numa linguagem passiva

Cantava nossa miséria

Personalidade séria

Nosso grande Patativa

Guardara na retentiva

O nordeste decadente

Cantava tão piamente

A nossa calamidade

Assaré sente saudade

Do seu poeta virente

Com tendência filomática

Nosso poeta de fé

Patativa do Assaré

Descreveu tudo na prática

Sem precisar de gramática

Foi muito mais eloquente

Um gênio percuciente

Cantando a moralidade

Assaré sente saudade

Do seu poeta virente

Sem precisar de retórica

Patativa o grande gênio

Preparara o seu proscênio

De maneira categórica

A velha fonte gongórica

No poeta está presente

Um menestrel convincente

Da nossa infelicidade

Assaré sente saudade

Do seu poeta virente

Do poeta zé da Luz

Herdara maneira tosca

Para falar numa mosca

Ou até no próprio Jesus

Porém seu nome faz jus

Na cultura transparente

Artista clarividente

Interpretando a verdade

Assaré sente saudade

Do seu poeta virente

Quem lê a vasta epopéia

Do poeta consagrado

Sente o poder encarnado

E o grito da patuléia

Verdadeira rafaméia

Do sertanejo carente

Que disputa tão somente

Pela santa liberdade

Assaré sente saudade

Do seu poeta virente

Poema de autoria do poeta e ex-repentista russano Antonio Agostinho, hoje homem dedicado às letras.

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 03/04/2013
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