Ingrid

Eu te vi afogando no mar

E, no mar, o homem loiro te afogando

Salvei tua poesia, teu sorriso nessa cara branca.

E me veio nua na luz da janela

Colou-se na minha mesa, de seio eriçado

- E só o seio é que me cabe na mão.

Como pode correr branca pela praia

E vir tão negra no desenho da luz?

Aí me escreve quatro versos,

Vai enfiar a mão na calça de outro.

E sai pelo meio da sexta taça de vinho

- Aos berros! –

Eu sei, está tudo aí dentro da sua cabeça

A despeito de qualquer folha a se rasgar aqui fora.

Teu pai vai dizer que és uma puta

Que teu corpo lhe ofende em política.

Mas és bonita

Não deixa que te digam o contrário.

Grita a qualquer surdo e faz do teu jeito

Sua na cama daquele sujeito

A criança não está morta

Entrou, inda hoje, por esta porta

Pra dizer que precisa de segurança

Que amou demais

E que agora vai voltar para dormir no mar.

Adriana Campos K
Enviado por Adriana Campos K em 26/03/2013
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