Ingrid
Eu te vi afogando no mar
E, no mar, o homem loiro te afogando
Salvei tua poesia, teu sorriso nessa cara branca.
E me veio nua na luz da janela
Colou-se na minha mesa, de seio eriçado
- E só o seio é que me cabe na mão.
Como pode correr branca pela praia
E vir tão negra no desenho da luz?
Aí me escreve quatro versos,
Vai enfiar a mão na calça de outro.
E sai pelo meio da sexta taça de vinho
- Aos berros! –
Eu sei, está tudo aí dentro da sua cabeça
A despeito de qualquer folha a se rasgar aqui fora.
Teu pai vai dizer que és uma puta
Que teu corpo lhe ofende em política.
Mas és bonita
Não deixa que te digam o contrário.
Grita a qualquer surdo e faz do teu jeito
Sua na cama daquele sujeito
A criança não está morta
Entrou, inda hoje, por esta porta
Pra dizer que precisa de segurança
Que amou demais
E que agora vai voltar para dormir no mar.