ÚLTMO ADÁGIO

Enquanto vivo, enquanto sou,
Sonho... amo a minha terra, voo...
Nas asas inquietas da poesia,
Faço dela, singela companhia,
Para encarar os vieses, os atropelos,
Recepciono o amor, mesmo sem merecê-lo.
Enquanto passo pelo descompasso do ser,
Abraço a interrogação, deixo-a me envolver,
Questionar acende os sentidos,
Ascende a alma no espaço transcendido.
Enquanto escrevo, me atrevo,
Faço outras coisas, fervo
O olhar, vislumbro novas cores,
Novos nasceres do sol, novos pores,
Me entrego aos desafios, com dedicação cristã,
Sou tantos em um, sou a brisa de cada manhã.
...
Enquanto vivi, flertei com a intensidade,
Investi na vida com oceânica vontade,
Poderia ter feito mais, tecer outros enredos,
Mas, o destino não quis, morri muito cedo,
Me vi abandonado em um naufrágio,
Enquanto um anjo torto me oferecia,
Um último adágio.

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( Uma singela homenagem a Gonçalves Dias)