QUE ÉS, AMOR?

Que és, amor?

Zéfiro que nos prega trotes pueris,

Que nos desfralda, rindo, as distraídas velas,

E faz singrarem ao mar as caravelas

Do coração de quem procura ser feliz.

Que és, amor?

Se brando, envolve-nos em quimeras,

Mas agigantando-se para vendaval

Arrasta à casa de Neptuno a nau

Quando o desprezo nossa alma vitupera.

Que és, amor?

Mandrágora de todos os amantes,

Fortalece a virtude dos desejos

Que a saciá-lo colhi, em vão, mil beijos,

Pois dele mais senti animação constante.

Que és, amor?

Lume de Piro que incendeia a noite

Febre terçã, entorpecente da razão,

Se nos embriaga na chama da paixão

Queima-nos suas labaredas com açoites.

Que és, amor?

Aquarela que nos chega como espetáculo,

Pelo qual se amansa a mais terrível fera

Que nos translada sutilmente à primavera,

Estação de rama e flor, borboleta e prado.

Que és, amor?

Quis eu dizer-te por humildes versos,

Mas como o saberei se não conhecê-lo?

Teu sorriso me basta para, então, vivê-lo...

Para crê-lo, um beijo... para tê-lo, um gesto.

Saulo Palemor
Enviado por Saulo Palemor em 02/03/2013
Reeditado em 09/03/2013
Código do texto: T4167453
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