Evocação
A Sérgio de Melo(Morto em 18/08/2003) no Iraque
Disseram-me que tu partistes hoje
Tentaram calar tua voz sob os escombros
Mais como calar a voz dos arautos da paz?
De quem tão somente sonha com a justiça?
Ou com a igualdade de condições?Inútil.
As sementes que espalhastes entre os homens
Entre campos, vilarejos ou desertos...
Onde campeia a dor ou a vida infértil
Não fenecerão jamais
A ciência de teu nome não cabe em poesia
Pois carrega toda a grandeza de tua Obra
Mais ousei desafiar todos recursos
Que mim viesse a memória
Quantas fronteiras aqui eram demolidas
Quantas pontes em nós...reconstruídas
Quantos filhos nutridos de esperança
Pelo legado de SÉRGIO VIEIRA DE MELO
Pois podia-se ler no erguer de sua Bandeira
Sob os negros porões de cada história
A construção de um mundo sem fronteiras
Mais entretanto partistes
Não te deram o direito de despedida
E nesta história doaste tua vida
Os dias estavam desertos de tua ausência
Por que quantos Iraques te esperavam
Por que quantos fios de ouro irias tecer
Em nossas frágeis relações de conviver
Porventura não seguirão teus rastros outros
Pra quem a vida ainda ensina
Que conviver é possível acima das diferenças?
Ora, amigo!
Mais como eras amável!
Talvez viestes ao mundo muito cedo
Não estávamos preparados para a tua chegada
Porque não atingimos a plenitude da paz
A insanidade das idéias não podiam absorver as tuas
(Como nem sempre absorviam as de Cristo)
Porque eram nobres demais. Tentaram-na destruir.
Mais como apagar da areia os rastros
Que nos deixastes a seguir?
Quem sabe agora sorvemos teu legado
e mastigamos contigo as mesmas esperanças
De construir um Mundo mais fraterno
e sermos salvos
Quem sabe agora!...