ELA

Ela corre atrás...
Dos sonhos,
Do amor,
Da cor,
Dos direitos,
Dos preceitos,
Dos verbos,
Dos predicados,
Dos sujeitos,
Com jeito,
Sem jeito,
O caminho é estreito.
Ela apanha da vida;
A solidão invade desmedida,
Pega-a desprevenida,
Ela reage,
Com coragem,
Segue, prossegue...
Ela caminha...
Sozinha;
Mas, “no meio do caminho havia um pedra”,
Pedra que se chama homem,
Essa pedra,
Ela não retira,
Ela suspira, às vezes delira,
Ela perde a mira;
Ela tropeça,
Na pedra homem,
No homem de pedra,
Ela literalmente se entrega.
Ele a usa,
Tira-lhe a blusa,
Ele abusa,
Calada, ela não recusa,
Mas, ele é pedra,
Ele não é gente,
Pedra não tem alma,
Pedra não sente,
Sentimento ausente,
Impassibilidade presente;
E ela apanha,
Apanha da pedra,
Apanha do homem,
A dor a consome,
O amor dissolve, some;
Correr?
Já não corre,
Não dá mais,
Sonhos e cor,
Viraram pintura de cartaz,
E ela; mesmo viva morta jaz.


Para todas as mulheres que sofrem ou já sofreram nas mãos de vis carrascos e que se intitulam homens.