A rosa

Eu vi uma rosa brotando,

Ao cair do céu, tão impávida!

Impar, quando ia se formando,

Mas sem cor, na sua natureza pálida...

~

Eu vi a rosa, era uma rosa de chumbo!

Que pela mão do homem fora fabricada.

Eu vi a rosa, a rosa do fim do mundo!

Na sua perfeita obra inacabada...

~

Eu vi a rosa, era uma rosa de fogo!

E ela surgia assim, em meio a fumaça!

E no tabuleiro de um jogo perigoso!

Foi a mira perfeita desta desgraça...

~

Mas este é o nosso mundo, e nele vi a rosa!

Mas creio que nem todos puderam ver.

Mesmo ao aparecer assim, toda acintosa!

Em seu modo vulgar de aparecer...

~

Mas este é nosso mundo, e ela brotou!

E sem raiz ela se firmou, me sufocando!

Rosa maldita, que minha história roubou!

Sorrindo ao me ver agonizando!

~

Rosa predestinada a derrubar o que está em pé!

Para acabar com os caminhos do infinito!

Até que se espedacem a esperança e a fé,

Embalsamadas em um jardim de granito...

~

Eu vi a rosa, sem cor, sem verdades!

Mas vaidosa, em seu formato perfeito...

A mais linda do jardim das maldades!

Do inferno a qual fora proscrito...

~

Eu vi a rosa, e ela viu minha lágrima rolar!

Ela viu meus olhos, num perfil de escuridão!

Eu vi a rosa, e sua poesia funesta deflagrar!

Na voz do diabo, ante a sua explosão!

Em homenagem ao povo de Hiroshima e Nagazaki.

Dia 6 de agosto de 1945, a 1ª Bomba Atômica é lançada da superfortaleza voadora B-29, batizada de Enola Gay em Hiroshima e 3 dias depois em Nagazaki, causando uma terrível destruição sobre as duas cidades num total de 9,5km², as vitimas passaram de 150 mil pessoas.

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 01/08/2005
Código do texto: T39470