O LEÃO DE RAMALLAH

I

Estava o velho leão encurralado

à sombra das ruínas sua mansão,

ferido em seu orgulho e coração

por seu povo qu’ estava ameaçado.

O pão nas mesas pobres tem faltado

e frágil está o corpo sem razão,

não o deixa respirar o vil Falcão

qu’ o ar não passa em muro reforçado.

Nos peitos da miséria passa o ódio

que denuncia em si a falsa paz

que rastejando vai até ao pódio...

Ai, filhos de David, a história traz

na espada d’ Alexandre o nó de górdio

que por vós em Ramallah forte jaz !

II

Em Ramallah nas suas cercanias

imperturbável a serena morte

vai criando uma teia de tal sorte

que deixa antever as mordomias.

Yasser parece débil de energias

porém dentro da alma vai-lhe o porte

qu’ ao destino deixou traçado o norte

num testamento ousado sem franquias.

A vida se apagou na cidade-luz

mas a esperança voltou por entre mãos

ao coração da paz que já reluz.

Ai, sonhos de criança, sonhos vãos,

crede nesse destino que seduz :

Sião e Israel sereis irmãos !

Frassino Machado

In OS FILHOS DA ESPERANÇA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 24/02/2007
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