AOS POETAS
Nas veias do poeta inspirado
corre vinho e veneno,
raios de sol, água pura,
mistérios do oceano,
ternura, sonhos dourados,
olhar puro e leviano,
ele verseja num tom
e diz que não quer, querendo
Devanear, bem sabemos,
é próprio de quem poema,
é obra de garimpeiro,
de escultor com cinzel,
de escritor tarimbado
que viu Torre de Babel,
de Pierrot apaixonado,
do casal Páris e Helena
Mas só ao poeta é dado
admirar o orvalho,
namorar o brilho da lua,
ouvir atento as estrelas
conhecer muitas mulheres
e a um só tempo quere-las
Sempre alheio ao que o cerca,
é eterno sonhador
enfrenta de perto a morte,
não tem medo da dor
se mil vidas ele tivesse
gostaria de vivê-las