LUIZ GONZAGA. EMPOBRECIMENTO DO NORDESTE. O BAIÃO. "ASA BRANCA"/"TRISTE PARTIDA": A "CANÇÃO DO EXÍLIO" DO NORDESTINO.
Pobre na economia, rico na cultura.
Seca e cerca no campo. E a vida dura.
Muitos afazeres e poucos haveres.
Fome, sede, e migrações pro Sul:
Eis o Nordeste, falido e ignorado,
Por Gonzaga exaltado, no choro
Do Baião. Tal canto, por todos
Os cantos do Brasil, as mazelas mil
Da região, e as alegrias do forró,
Lamentadas ou elevadas foram.
“A Triste Partida” ou a “Asa Branca”,
“Canção do Exílio” de cada emigrado,
Descascam as tragédias individuais,
Que o IBGE mostra como dados gerais,
Dum demográfico dado frio. Não sabe
De dores, o rio que a cada um cabe.
O que Luiz não viu nem mostrou
Foi este fato desumano e ingrato:
Que a pobreza nordestina resultou
Duma política cruel, má e cretina:
O “Café Com Leite” assegurava
Os gordos lucros dos barões, e
Às outras regiões, os prejuízos
Da valorização artificial do café.
Só cabia aos nossos o consolo da FÉ.
Resultado: Um dinâmico mercado
Surgiu no Sudeste. A crise de 30,
E o café desvalorizado, o capital
Nele aplicado mudou-se pra indústria.
Pro Nordeste, fica só a angústia:
Parado no "grid de largada" do processo
industrial, sem mercado, sem Infraestrutura
Sem capital, sem rendas, sem "now how",
Dependendo da agricultura, onde a
Chuva de secas tirava-lhe o sucesso.
O pior: Migrado pra São Paulo ou pro Rio
De Janeiro, tudo topando por algum dinheiro.
Misteres "vis", os mais duros e mal pagos.
Na saúde, os estragos. E, ainda assim, um
Pária considerado. Um sofrer sem par, incomum!