Versos de Cabral
O vento que carregava
o verso de João Cabral,
primeiro soprou as águas
do Capiberibe,
mas foi em vão
que tentou lavar
a morte Severina.
Agora, que o escuro desceu,
ele só busca o Passado
que cheira ao mel
da cana esmagada,
com a alma
do homem canavial.
Agora ele só busca o Passado,
onde o urro da besta-fera
assassinava os touros embaixadores
nos dramáticos
domingos diplomáticos.
Agora ele só busca o Passado,
da Sevilha que vestia o homem
e do cais de todo porto
que despia as putas do Mundo.
Agora ele só busca
os versos de Cabral,
que o vento de lá
haverá de proferir.
Homenagem pouca ao Mestre João Cabral de Melo Neto.