PODERIA SER UM FILME
(Para minha mãe)
Você sabe o que é está já casada com apenas dezesseis;
O que é tecer sonhos, traçar planos,
Visualizar um futuro glorioso, uma família feliz,
O que é entregar-se ao amor na espera de atingir o clímax,
E depois ficar arrasada, com o olhar fixo no nada...?
Minha mãe sabe...!
Você sabe o que é ficar sozinha, sob a luz de lamparina,
Não tendo ninguém por perto;
Aguardando a chegada do marido,
Que por trabalhar fora só vinha algumas vezes...?
E o tédio que isso dava,
E o desejo de voltar atrás?
- Mãe; vem me buscar, estou apavorada!
Não havia mais jeito,
O rio seguia seu leito.
Minha mãe sabia...?
Você sabe o que é está grávida do primeiro filho,
Em total insegurança?
Falta isso, falta aquilo, falta carinho, falta abrigo;
Você sabe o que é dar a luz e se fechar em si mesma,
Deitar na cama com a criança no colo, esperando não sei o que,
Pois, não havia o que comer...?
Minha mãe sabe!
Você sabe o que ter uma seqüência de gravidez;
Um no colo, outro na barriga e mais dois em seguida?
Quatro filhos e uma mulher desprevenida;
E você sabe (pra completar), o que é esperar,
Dois meses, seis meses, um ano...
E o pai de seus filhos não aparecer...?
E o mais velho não nem tinha cinco anos.
Minha mãe sabe...!
Você sabe o que é ter que se virar,
Uma mulher e três filhos (um já tinha partido),
Contar com o auxilio da mãe,
Pois, sozinha não daria pra suportar?
O que é se iludir, deixar-se enganar,
Pagar um alto preço por em outros homens confiar...?
Minha mãe? Como ela sabe...!
Como foi usada, abusada, traída;
Vida não vivida, vida não amada, não sentida,
Dor de uma revoltada;
- “Desgraçado algum encosta mais em mim, já estou mais do que saturada”!
E minha mãe não tinha nem quarenta anos.
Você sabe o que é ter que reinventar a vida;
Buscar forças sei lá onde, para tocar o bonde;
E agora com oito filhos?
O que é catar migalhas das mesas alheias;
Submeter-se a diversas humilhações,
Lavar, passar, cozinhar...
Ser capacho de vis patrões?
O que é ter vontade de mandar tudo pro ar,
E todo mundo “para aquele lugar”...?
Minha mãe sabe... l
Você sabe o que é ser levada para um hospício,
Ser tratada como louca por causa de uma depressão?
O que é conhecer o mundo insano, tomar soros, comprimidos,
Sofrer tantos danos, estando em perfeito juízo?
- Pra que tantas desgraças meu Deus...?
Era o lamento da alma;
- E só de um pouco de paz que eu preciso!
Minha mãe precisava!
Você sabe o que é perder mais um filho,
Assassinado barbaramente, aos dezoito anos;
Logo no último dia do ano?
Fim de ano, fim de planos,
Inicio de prantos...
Minha mãe sabe...!
Você sabe o que é depois de tantas,
Desilusões e desgraças,
Incêndios e fumaças,
E ainda assim resistir?
Continuar em pé em meio às ruínas,
Agarrar-se à fé e prosseguir...?
Minha mãe sabe...!
Lutas nas jornadas,
Vida pouco a pouco reestabilizada,
Família aos trancos e barrancos sendo criada.
Um olhar indiferente às sombras do passado,
Um olhar diferente na cara do presente,
E ainda ter um olhar confiante no futuro.
Minha mãe sabe...!
E eu sei...
Ela é a mulher, é Maria,
É a guerreira, é a heroína,
De um filme que é a sua própria vida.
(Para minha mãe)
Você sabe o que é está já casada com apenas dezesseis;
O que é tecer sonhos, traçar planos,
Visualizar um futuro glorioso, uma família feliz,
O que é entregar-se ao amor na espera de atingir o clímax,
E depois ficar arrasada, com o olhar fixo no nada...?
Minha mãe sabe...!
Você sabe o que é ficar sozinha, sob a luz de lamparina,
Não tendo ninguém por perto;
Aguardando a chegada do marido,
Que por trabalhar fora só vinha algumas vezes...?
E o tédio que isso dava,
E o desejo de voltar atrás?
- Mãe; vem me buscar, estou apavorada!
Não havia mais jeito,
O rio seguia seu leito.
Minha mãe sabia...?
Você sabe o que é está grávida do primeiro filho,
Em total insegurança?
Falta isso, falta aquilo, falta carinho, falta abrigo;
Você sabe o que é dar a luz e se fechar em si mesma,
Deitar na cama com a criança no colo, esperando não sei o que,
Pois, não havia o que comer...?
Minha mãe sabe!
Você sabe o que ter uma seqüência de gravidez;
Um no colo, outro na barriga e mais dois em seguida?
Quatro filhos e uma mulher desprevenida;
E você sabe (pra completar), o que é esperar,
Dois meses, seis meses, um ano...
E o pai de seus filhos não aparecer...?
E o mais velho não nem tinha cinco anos.
Minha mãe sabe...!
Você sabe o que é ter que se virar,
Uma mulher e três filhos (um já tinha partido),
Contar com o auxilio da mãe,
Pois, sozinha não daria pra suportar?
O que é se iludir, deixar-se enganar,
Pagar um alto preço por em outros homens confiar...?
Minha mãe? Como ela sabe...!
Como foi usada, abusada, traída;
Vida não vivida, vida não amada, não sentida,
Dor de uma revoltada;
- “Desgraçado algum encosta mais em mim, já estou mais do que saturada”!
E minha mãe não tinha nem quarenta anos.
Você sabe o que é ter que reinventar a vida;
Buscar forças sei lá onde, para tocar o bonde;
E agora com oito filhos?
O que é catar migalhas das mesas alheias;
Submeter-se a diversas humilhações,
Lavar, passar, cozinhar...
Ser capacho de vis patrões?
O que é ter vontade de mandar tudo pro ar,
E todo mundo “para aquele lugar”...?
Minha mãe sabe... l
Você sabe o que é ser levada para um hospício,
Ser tratada como louca por causa de uma depressão?
O que é conhecer o mundo insano, tomar soros, comprimidos,
Sofrer tantos danos, estando em perfeito juízo?
- Pra que tantas desgraças meu Deus...?
Era o lamento da alma;
- E só de um pouco de paz que eu preciso!
Minha mãe precisava!
Você sabe o que é perder mais um filho,
Assassinado barbaramente, aos dezoito anos;
Logo no último dia do ano?
Fim de ano, fim de planos,
Inicio de prantos...
Minha mãe sabe...!
Você sabe o que é depois de tantas,
Desilusões e desgraças,
Incêndios e fumaças,
E ainda assim resistir?
Continuar em pé em meio às ruínas,
Agarrar-se à fé e prosseguir...?
Minha mãe sabe...!
Lutas nas jornadas,
Vida pouco a pouco reestabilizada,
Família aos trancos e barrancos sendo criada.
Um olhar indiferente às sombras do passado,
Um olhar diferente na cara do presente,
E ainda ter um olhar confiante no futuro.
Minha mãe sabe...!
E eu sei...
Ela é a mulher, é Maria,
É a guerreira, é a heroína,
De um filme que é a sua própria vida.