MEU AVÔ (Do livro em preparo - Novas Mulheres na Vela Sociedade)
Eu te vi tão velhinho, tão doente.
Tão magrinho, meu meigo menino!
Teus olhos azuis, infantis, inocentes,
Jaziam abertos enquanto dormia.
Teu peito arfava. Ainda estavas vivo, vovô!
Estava ali, fragilizado e indefeso,
Morrendo, o pobre velhinho calejado.
As tuas mãos sofridas, beijei-as,
Em pranto, chorando a tua dor.
Sentindo as misérias inexplicáveis da humanidade
Na tua fronte de homem honrado,
Lembrei, tristemente, Rui Barbosa
Que um dia referira-se à inútil honestidade.
E tuas mãos feridas rasgam-me as carnes,
Transpassando meu coração, de um golpe,
Como duas flechas envenenadas
Que viajarão comigo pela eternidade.