LITERATURA EM POESIA, POESIA EM LITERATURA
Por que insistir em separar,
com desprezo e com tortura,
quem só juntas podem estar
poesia e literatura?
No Barroco mergulhei
e a Gregório perguntei:
A quem escreveste Pica-Flor?
Foi desaforo ou foi amor?
Adiante, no texto meu,
encontrei-me com Dirceu.
Estava com Marília a delirar,
no campo, o melhor lugar pra se amar.
No Romantismo, a pátria amada,
todo momento a se exaltar
Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá.
Deixei-me agora entristecer
só a prosa é aclamada
no Realismo não se vê
a poesia tão amada.
Quando Ismalia enlouqueceu
Guimaraens encheu-se de tortura
foi então que escreveu.
Que fascinante a literatura!
E agora, João Cabral,
Severino quase chega num esquife
na retirada tão brutal
do Sertão ao Recife.
E eu não sei se algum dia,
algum dia, por ventura,
estará presente este poema
nos livros de literatura.
O poema está grande
preciso encerrar
só me dê mais um tempinho
pra que eu possa ofertar.
Ofereço este poema,
com dedicação e com ternura
a quem me fez gostar
de poesia e literatura.