PEQUENA AFRODITE
E o que posso dizer a ti deusa da beleza.
Uma vez que neste mundo teus encantos são físicos.
Talvez se a mim foste provido por um instante a sabedoria de um Deus, veria tua essência.
Mas para mim nada se faz incompleto, e as formas não se ocultam.
Tua simetria é a causa de minha inquietação;
Tua serenidade no semblante é o prenuncio de minha abnegação.
Em face de teu riso prostro-me ao deleite de teu ser maior; da beleza inenarrável por sua delicadeza sui-generis.
O breve olhar que me dispõe é o lampejo que o crepúsculo não tardará e nosso ser revelar-se-á ao nosso querer.
Refuto o pedido dos deuses.
Nada posso contra os sóis que brilham em tua face, que me libertam e me desperta da clausura do gigante iceberg.
Não posso me privar da ilusão de te lá visto por aqui, deram a mim a condição, e quero servi-la com o mais nobre querer.
Talvez agora me falte à sabedoria de um Deus, mas a alma que fora conquistada no primórdio, tem o maior amor, e a ti irei oferecer.
Inverno ano 28.