AOS MEUS PAIS QUE VIRARAM ESTRELAS.

Estrelinhas me olham do infinito,

Nesse céu de estrelas bordado...

Saudades no peito calado grito!

Iluminam o caminho do meu fardo.

Eu era triste e tão feliz!

Era uma vida tão dura...

De mim ficou uma raiz,

Plantada em cada rua.

Cada palmo deste chão...

Tem marcas que não se apagam...

Tem desgosto e aflição,

Tem histórias encantadas!

Com carinho e paciência...

Me ensinando a caminhar...

Com ternura e sapiência,

Me ensinando o bê-á-bá. ...

Cada momento vivido,

Por mim e meus irmãos ,

Como um tesouro escondido,

Trago no coração.

Hoje diante dos desgostos ,

Das intempéries da vida....

Passam pelo meu rosto,

As páginas por mim já lida...

Lembro-me namorando a lua. ,

Por um vidro no telhado...

Ah! Como o pensamento flutua,

Em cada sonho encantado!

As brincadeiras de criança...

A hora da Ave-Maria...

A vida era uma festança!

Que varava noite e dia.

Cada terço rezado

Era uma promessa que fazia,

Pra namorar uma moça do lado

Que se chamava Maria.

Rodei mundos e lugares!

Esqueci o meu cantinho...

Hoje volto com pesares,

Por ter deixado o meu ninho.

Volto triste e cansado...

Pelos trabalhos que fiz.

Com pés e mãos calejados,

Pra colher uma flor-de-lis.

Pois ainda tenho estro,

Apesar dos sofrimentos...

Pra compor alguns versos!

E lhes falar dos meus lamentos...

POETADADOR
Enviado por POETADADOR em 13/02/2007
Reeditado em 21/02/2019
Código do texto: T379904
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