AOS MEUS PAIS QUE VIRARAM ESTRELAS.
Estrelinhas me olham do infinito,
Nesse céu de estrelas bordado...
Saudades no peito calado grito!
Iluminam o caminho do meu fardo.
Eu era triste e tão feliz!
Era uma vida tão dura...
De mim ficou uma raiz,
Plantada em cada rua.
Cada palmo deste chão...
Tem marcas que não se apagam...
Tem desgosto e aflição,
Tem histórias encantadas!
Com carinho e paciência...
Me ensinando a caminhar...
Com ternura e sapiência,
Me ensinando o bê-á-bá. ...
Cada momento vivido,
Por mim e meus irmãos ,
Como um tesouro escondido,
Trago no coração.
Hoje diante dos desgostos ,
Das intempéries da vida....
Passam pelo meu rosto,
As páginas por mim já lida...
Lembro-me namorando a lua. ,
Por um vidro no telhado...
Ah! Como o pensamento flutua,
Em cada sonho encantado!
As brincadeiras de criança...
A hora da Ave-Maria...
A vida era uma festança!
Que varava noite e dia.
Cada terço rezado
Era uma promessa que fazia,
Pra namorar uma moça do lado
Que se chamava Maria.
Rodei mundos e lugares!
Esqueci o meu cantinho...
Hoje volto com pesares,
Por ter deixado o meu ninho.
Volto triste e cansado...
Pelos trabalhos que fiz.
Com pés e mãos calejados,
Pra colher uma flor-de-lis.
Pois ainda tenho estro,
Apesar dos sofrimentos...
Pra compor alguns versos!
E lhes falar dos meus lamentos...