Ontem, Clarice...

Sim, Clarice, morremos!

Morremos todos os dias, num pouco de tudo

Morremos do mundo, em sombra nos apagamos

E cinzas nos tornamos,

Até ao ponto de perceberem a nossa inexistência

Iludimo-nos com o vazio, com a falsa consciência,

Nesse jogo de palavras que se chama vida social,

Nessa persistência tola, nesse falso ideal

Sim, Clarice, somos nada!

O fracasso, o sucesso, a vida embriagada

E o que fizemos de nos mesmos? A não ser sentir grande pesar

Sentir pena, tristezas, apenas lamentar

Sim, Clarice, só o efêmero existe!

Das coisas permanentes nada sabemos, e o que é triste

Nada temos, Clarice, nada somos!

Lê Santos
Enviado por Lê Santos em 24/07/2012
Reeditado em 14/12/2012
Código do texto: T3794346
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.