EU SOU O ADÃO DOS ANJOS

Eu nasci pra botar respeito

O meu nome é adão dos anjos

Dei muito amor às mulheres

E ajeitei a pau os marmanjos

Me aquerenciei no Paraboi

Mas sou do beco do Resvalo

E só pensava em ir dormir

Depois que cantassem os galos

Quando eu entrava na canha

Garanto era um abraço

Eu saia arrumar encrenca

E retoçar que nem cachaço

Na São Borja Missioneira

Eu cresci dando mormaço

E tirando selo de gaita

Lá na Pracinha do Passo

Eu nasci preto e retovado

Louco a monarca e metido

E já fiz muito penaredo

Ali pela Cipó Torcido

Muitas vezes só por farra

Nos tempos da mocidade

Eu começava as peleias

No Clube Fraternidade

E quando me dava na teia

Lá no Clube Boitatá

Eu corria o diabo a facão

E fazia a morte dançá

Às vezes sinto saudades

De quando eu, por diversão

Ia tentiar um ferro branco

Nos bailes do Clube União

Na Pracinha da Lagoa

"Tentiando" uma bugra feia

Eu levei um coice no saco

E fui dormir na cadeia

Porque eu nasci deste jeito

Nem o diabo sabe dizê

Pois eu também já aprontei

lá pelo Bairro Itacherê

E quando eu tava aluado

E envenenado na canha

Eu ia tentear um facão

No Paraboi com o Saldanha

E na zona do Meretrício

Meu soldo ficava entregue

Quando eu me metia a galo

na famosa Vila Alegre

Deus me plantou em São Borja

O diabo regou a muda

E me criei meio por conta

Sem dar nem pedir ajuda

Até o satanás se recolhia

Quando eu saia a fuzarquear

E macho que eu metia as mãos

Eu fazia a pau se mijar