SEM RIMA 255.- ... carta breve ao JCoelho ...

Caríssimo José Coelho Fernandes,

que te dizes "aprendiz de poeta apaixonado":

Gosto dos teus poemas. O último "O rolar das pedras"

suscitou-me pensamentos em multidão

não dispersa, mas convergente e sem dúvida útil.

(Mas agora não evocarei nem o Drummond

nem o León Felipe nem sequer os Rolling Stones

que, todos e mais, repararam na importância

das pedras, das pedrinhas, a rolarem, a ficarem...)

Sim, acho que a poesia talvez seja, é...

muito mais útil, sim, do que o dinheiro.

Há quem predica: "Da poesia não se come".

Será certo, mas não toda a verdade,

porque sem poesia morre a gente:

nenhuma poesia há na guerra

nem na escravatura que maus mercados

estão a infundir-nos como se fosse uma benção...

(Na Galiza dizemos "benção" e não "bênção":

incompreendo que do latino "benedictione"

surja "bênçao", salvo que os "benditores"

pretendessem realçar a sua "benção" até

enfatizar a pronúncia de modo que o acento

passasse do segundo lugar ao principal...

Cousas da vida, amigo José, cousas...!)

Contigo estou em que o contributo

das pessoas que nos acompanham

aprimora os poemas nossos. E digo

mais: aprimora mesmo os nossos

atos e o nosso sentir a Vida e a Natureza.

Abraço forte, caro José. E obrigado!