EU de Florbela Espanca / para Ulisses

Eu sou a que no mundo anda perdida,

Eu sou a que na vida não tem norte,

Sou a irmã do sonho, e desta sorte

Sou a crucificada...a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,

E que o destino amargo, triste e forte,

Impele brutalmente para a morte!

Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...

Sou a que chamam triste sem o ser...

Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,

Alguém que veio ao mundo pra me ver

E que nunca na vida me encontrou!

Parabéns Florbela Espanca

Até ao fim inseparável da Florbela-mulher, teve somente uma Florbela: a da poesia generosa, convulsa e ardente do Fogo, a dos extremos de ternura e das amarguras do sofrimento, dos estados hiperexcessivos de consciência da solidão, da dor e do AMOR.

Cansada de amar... amar... perdidamente e de não ser correspondida, resolvia, mais por orgulho, e a ainda mais por dignidade, olhar a situação de frente, sem covardias nem fraquezas, acabava a relação, sem um remorso, sem a mais pena mágoa.

É assim, que de forma corajosa, cada mulher de cabeça erguida deve prosseguir a sua vida. Porque em quanto vivas, há sempre esperança de vir a Amar...Amar... perdidamente por alguém que reconheça o seu verdadeiro valor, em quanto mulher.

Penélope
Enviado por Penélope em 08/02/2007
Código do texto: T373311