no verdor das primaveras
          um tom a meia-tinta gouache
          vai lentamente molhando o papel
          do tempo que gozava ridente...
          um misterioso porvir de quimeras!

          que, delicadamente, são incrustadas
          pelas mãos gentis dum pintor...
          ao esculpir agachado numa tela...
          rabiscos atulhadas em esplendores.

          no cromatismo da velha técnica
          ao traduzir o outro viés do sentir
          arrastado pela tinta espessa...
          que escorre luculentamente...
          deslizando pelas bordas em matizes!

          são espasmos d'alma que se mostra
          na tonicidade da hora em silêncio...
          desvirginando o mistério do crepúsculo
          arrebatado pela carruagem dos sentidos!

          jatos e jatos de tintas multicoloridas...
          s'esbatem frenéticas num só compasso
          onde pincel e tinta se convergem...
          na tradução maior da hora versátil!

          que s'engrandece com a penugem nos cimos
          nas mãos calejadas e férteis do pintor...
          que se apresenta... a si mesmo...
          através dos contornos e esboços,
          do eu (in)consciente que se desfolha!

          ao refazer novas e indeléveis releituras
          no déjà vu inexorável dest'arte em si,
          que eternizará àquele indelével momento...
          onde todos os contrastes e nuances se deitam
          para o ápice da criação que se representa!


Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 30/05/2012
Reeditado em 30/05/2012
Código do texto: T3696216
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