no verdor das primaveras
um tom a meia-tinta gouache
vai lentamente molhando o papel
do tempo que gozava ridente...
um misterioso porvir de quimeras!
que, delicadamente, são incrustadas
pelas mãos gentis dum pintor...
ao esculpir agachado numa tela...
rabiscos atulhadas em esplendores.
no cromatismo da velha técnica
ao traduzir o outro viés do sentir
arrastado pela tinta espessa...
que escorre luculentamente...
deslizando pelas bordas em matizes!
são espasmos d'alma que se mostra
na tonicidade da hora em silêncio...
desvirginando o mistério do crepúsculo
arrebatado pela carruagem dos sentidos!
jatos e jatos de tintas multicoloridas...
s'esbatem frenéticas num só compasso
onde pincel e tinta se convergem...
na tradução maior da hora versátil!
que s'engrandece com a penugem nos cimos
nas mãos calejadas e férteis do pintor...
que se apresenta... a si mesmo...
através dos contornos e esboços,
do eu (in)consciente que se desfolha!
ao refazer novas e indeléveis releituras
no déjà vu inexorável dest'arte em si,
que eternizará àquele indelével momento...
onde todos os contrastes e nuances se deitam
para o ápice da criação que se representa!