ETERNA PAZ
As cinzas pronunciam por uma chegada,
Os ventos abalam os sinos...
As árvores dançam ao som da madrugada
E as folhas varrem o chão cristalino...
Uma cratera se forma adiante,
Condenando ao sono a um recolhido...
O sol se tarda mas vem radiante,
E uma voz murmura, sejas bem acolhido!
As águas batem contra as outras águas
E o sonho dourado se faz demolido...
As alegrias de outrora se transpõem em mágoas,
Se delatam em versos corações feridos...
As cinzas sobem e vão a esmo,
Os ventos se espalham em vão...
Os sinos silenciam num último eco,
As árvores cessam propondo o mesmo...
Deitam-se as folhas caídas ao chão,
Se fecha a cratera com o último grão
E o sono eternamente se faz...
O sol se apaga ao cheiro do cravo
E a voz murmurante se cala em paz...
As águas se acalmam numa só direção
E o sonho dourado fica de herança ao filho amado...
As mágoas se transformam em pura recordação
E os versos em prosa serão sempre gravados!
Autor: Valter Pio dos Santos
Dez-1984
N.Y. / 84 - Dedicado a meu irmão Edson Pio dos Santos, in memoriam.