Distante

Não consigo ver-te,

de verdade

Somente tua sombra entre espelhos

Teus passos ecoando em becos escuros

A noite escondendo-te o rosto rumo ao nada

E o passado que parece rasgar tua carne

De novo, de novo

e de novo...

Não te entendo

Parece que gostas

de escorrer por entre as pedras

Estilhaços de sonhos

Amores perdidos

Horizontes partidos

A alma aflita, ferida, sangrando por dentro

os versos que escreves com a própria dor

Poema que grita, se agita e revolta

e fere tudo em volta

como se nada mais existisse

ou fizesse sentido

a não ser sua busca incessante

por não ser achado...

Engraçado?

Não consigo encontrar-te

Não permites!

Parece que o tempo, o vento e os versos

Todos conspiram a teu favor

Se inspiram e respiram teu sofrimento

Se inclinam, rastejam se prostram à tua volta

Com cheiro de morte

Deixando-te à própria sorte

Mil vezes perdido

Flechado...

Vencido ...

Poeta apaixonado e entristecido

Virado do avesso ...

Ainda criança

Envelhecido

Distante de tudo

Distante de si mesmo

Distante de Deus

Distante...

Miss Jade
Enviado por Miss Jade em 19/05/2012
Reeditado em 25/05/2012
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