Distante
Não consigo ver-te,
de verdade
Somente tua sombra entre espelhos
Teus passos ecoando em becos escuros
A noite escondendo-te o rosto rumo ao nada
E o passado que parece rasgar tua carne
De novo, de novo
e de novo...
Não te entendo
Parece que gostas
de escorrer por entre as pedras
Estilhaços de sonhos
Amores perdidos
Horizontes partidos
A alma aflita, ferida, sangrando por dentro
os versos que escreves com a própria dor
Poema que grita, se agita e revolta
e fere tudo em volta
como se nada mais existisse
ou fizesse sentido
a não ser sua busca incessante
por não ser achado...
Engraçado?
Não consigo encontrar-te
Não permites!
Parece que o tempo, o vento e os versos
Todos conspiram a teu favor
Se inspiram e respiram teu sofrimento
Se inclinam, rastejam se prostram à tua volta
Com cheiro de morte
Deixando-te à própria sorte
Mil vezes perdido
Flechado...
Vencido ...
Poeta apaixonado e entristecido
Virado do avesso ...
Ainda criança
Envelhecido
Distante de tudo
Distante de si mesmo
Distante de Deus
Distante...