O medo que dá ao acordar de frente ao campo de centeio (e o medo que dá da dor da conhecida).

Holden seu maldito,

Você disse que eu poderia,

Disse que seria fácil

E eu deixei passar logo esse menino

Eu estava lá,

Feliz com as gargalhadas misturadas aos gritos que vinham do campo

O trabalho estava tranqüilo demais naquele dia

E eu chutava algumas pedras penhasco a baixo

Esperava o som ta pedra caindo

Quando me dei conta algumas crianças vinham correndo perdidas

Fugindo de um intenso pega-pega de dentro do campo

Fui aparando, um, dois, três...

O quarto já estava perto demais do penhasco

Eu corri, corri bem mais do que minhas pernas poderiam agüentar

Atirei-me em direção a ele,

Alcancei seu suéter, grande para o seu tamanho. Segurei com força

Seu corpo vacilou na beira do despenhadeiro e escorregou entre a lã

Ele caiu, uma queda eterna. Logo ele.

Talvez tenha sido demais…

Talvez tenha sido muito mais peso do que eu pudesse suportar

Agora dá um medo de dormir.

Quando durmo a vontade é de não acordar.

O pior de acordar

É ainda estar aqui.

13/o5/2o12.