Canto l
(A Fátima Barros)
Ao ver-te arfar a névoa das vagas
E os cílios da noite, esmorecer
A aurora rompendo o amanhecer
Dando-lhe o gozo, no fluir das plagas!
Da luz que acende o deslumbrar
Tuas fartas milhas cores diluídas,
Serenando teus aromas fluídos,
Restar-me-á tua voz, a me ofegar!
Teus gestos são laços de brilhantes,
Astros, do eterno firmamento;
Anjos do céu e do pensamento,
Beijando o elo dos diamantes!...
Tão calmo e sombrio és o rio
Que escutas o teu silêncio conter,
Os langores de minh’alma padecer
Ao mesmo orvalho que some no frio!
Não te esqueças que és diamante!
A mais ditosa e terna estrela,
Que um dia me quis, fui vê-la,
Que sonhamos, e fui teu amante!...