Campo de Flores
Na campina verdejante,
cresciam lírios, papoulas
ante o sol escaldante
do ínicio de primavera
Eram dias de um azul profundo
raras nuvens estampadas na abóbada
ah, tempos de colher
antes das chuvas, o algodão em flor
No roçado bem próximo,
havia um pântano,
onde meu pai plantava arroz
adiante brotava a foz
De um pequeno riacho
água doce, cristalina
parte ia para as varas de bambu
em um suave murmúrio
Assim passavam-se os dias
com cânticos de pássaros livres
nas baforadas do cigarro de palha
"pra espantar muriçoca" dizia o velho
O que mais me impressionava
era contemplar as montanhas
e aquele vento que penteava
o capim-gordura, suas cabeleiras
Aprendi muitas lições
nestas andanças com meu pai
na vila de Santanésia, de onde guardo
as melhores recordações de minha infância.
No lugar onde nasci as pessoas
tinham imenso prazer em cultivar rosas
e fazer belos jardins, meu pai era chamado
pois fazia enxertos de rosas como poucos
Ah, hoje vivo a procurar
em cada recanto que visito
um campo de flores, nos jardins
ou nas praças, pra seguir cultivando a paz.
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 6/11/2011, recordando os tempos dos jardins de minha infância, e particularmente as mãos hábeis de papai: Sr José, que há 25 anos cultivas outros jardins, os celestiais.