Querida Pietá
Odila*
É como todos nós somos:
virtuosa e viciosa;
cheia de qualidades e de defeitos.
Odila
não é deusa e nem anjo: é ser humano,
ama e odeia, chora e ri.
Ri por ter dor que não se cura
e
Chora pelo amor que já teve.
Odila
é a mãe-preta:
suas grandes mamas não me deram leite,
suas mãos me deram comida na boca,
seus braços não me deram colo,
suas mãos esfregaram e lavaram minhas roupas.
Odila
dá soltas gargalhadas da vida que não lhe sorriu;
de empregada doméstica foi levada à Grande Mãe.
Odila
é aquela que criou toda a prole.
Odila
é para toda a rua ‘Dona Odila’
e para mim é simplesmente Odila:
aquela que conosco sorriu,
aquela que viu e sentiu
todas dores e alegria
da famíla alheia que criou.
Esta é a Odila do Congo
e para mim, Pia:
Querida Pietá.
*Para Odila Congo Pinto, minha outra mãe.
L.L. Bcena, 17/10/2000
POEMA 787 – CADERNO: AMOR DORMIDO E SONHADO.