UM OLHAR ALÉM DA ESCURIDÃO

ALÉM DA ESCRAVIDÃO

Era o resto que alguém encontra nas ruas sujas da cidade.

Sobrevivia na escuridão do ambiente, da alma e da fome insaciável do que tem.

Acostumou-se com o escarro do caráter de muitos.

Não há carinho, nem vinho, só o que dá pra anestesiar a alma que pulsa e lembra que é gente.

Gente, que vê o semelhante como predador,

Pronto para devorar-lhe a carne,

Chupar-lhe o sangue;

Violentar seu ego.

O coração bate, mas a vida geme.

Não sente que pode,

Não sabe o que é esperança.

Seu palco é a cama, de um hotel barato,

Onde se permite por um preço sem valor.

Mas há, um olhar sereno,

Que chora a dor de querer

E com amor profundo, insiste em bater,

Na porta do cansado coração.

Uma voz, que silenciosamente fala na voz do vento

E busca a criança que um dia foi

E hoje se esconde, pra se proteger.

Alguém, que sem pudores tolos

Estende as mãos.

E oferece vida além do preço duro da escravidão.