Brasil
capaulon
Perguntar, só mesmo com muito espanto:
“Que país é esse”, diz aí meu amigo?
Responder, só com suprema devoção de santo:
“Sei lá”... mas tentarei falar contigo.
É grande, muito grande, é belo e granduna.
É índio: ashaninka, bororo, kayapó, tembé,
Suruí, guarani, ye'kuana, waiana apalaí, mayoruna.
É mestiço, misturado, negro, mulato e branco até.
Há por cá portugueses, espanhóis, alemães, italianos,
Japonêses, coreanos, haitianos, ucranianos, finlandêses,
Angolanos, moçambicanos, árabes, chineses e também ciganos.
Ah!, segundo o Lima Barreto, tem também um javanês.
De credos, cruz credo, o país está cheio, é demais sua crença:
Nas estatísticas, católico, não nas igrejas, nos cartórios.
Por Cristo, Orixás, Maomé, Buda, Jeová, sua fé condensa.
É muito propenso ao espiritismo de terreiros ou territórios.
Sua gente, como traça, pelos cantos do mundo depressa se espalha,
Com futebol, com música, com dança, se faz alegre conhecida.
Tem Escolas de Samba, bumbas, bundas e bandalha.
Gente cantante de ciranda, baião, sertanejo, carimbó, caxambu,
E mais pagode, maculelê, partido alto, repente, moda de viola.
Ouvindo bem, tem o coco, o forró, o congo, o frevo e o maracatu.
Afinal essa gente daqui pula ou dança ou canta ou joga bola.
No vanerão, no xote, no rasqueado e no xaxado é gente bamba
Que nos blocos, nos cordões e nas folias com o axé rebola.
E por fim surpreende com o choro, com a bossa nova e o samba.
Gente estranha, muito admirada, mas muito mal entendida.
Mas não se importa com que o mundo pensa a respeito.
Dizem ser uma nação que está beirando à nova raça.
“Sei lá”, pode ser... e se for o que será desse povo eleito?
Guardará suas matas, suas águas, suas terras sob eficaz couraça?
“Sei lá”, pode ser... vejo a sua construção, com amor e dengo,
De uma pátria rica, varoa, mas tolerante e de brava gente varonil.
Gente enlouquecida pela cachaça, pelo Carnaval e pelo Flamengo
E que não desiste de torcer pelo seu esquisito Brasil.