AS BUNDAS
as bundas são ardilosas ribanceiras
abismos que soçobram o mundo inteiro
as brasileiras de ancas portentosas
botam banca com o seu traseiro
acudí, as bundas do Minho
se adiantem, as d’Alentejo
as magras, gordas ou as bundas lisas
negras ou brancas, sob o vestido
bundas no palco, líricas e cenicas
na alcova, bundas eróticas, telúricas
artísticas, bundas que dançam
com musica de realejo
caminhando pelas ruas do Batustão
as bundas bascas são enervadas
como bombas, não são
pacificas bundas, são de guerra
nas levadas, muito mais duras
do que malemolentes
e inda assim, deslocam palpitações
por sobre toda a terra
tem as que são rombudas, acesas
clareiras na savana, grandes, africanas
e as que só imaginadas, bundas mulçumanas
têm as lineares, retas, as bundas inglesas
quantas lindas mulheres, as hermanas
mulheres belas de ancas tesas
as moças pudibundas nas províncias
em bandas mancas, nas praças
à roda dos coretos, tem seu encanto
no mundo, tantas bundas, quanta ânsia
quantas a me fazer sucumbir
como vate descadeirado do ir-e-vir
a poesia se inspirando na abundancia