FLAMINGO ROSADO
Asas brancas e apressadas cortam
os céus dos mangais agora poluídos
pela ociosidade dos resistentes ruídos
que maltratam flamingos e os açoitam
Em filas os ex-libristas do mar
fogem das águas tenebrosas dos mangais
onde sob os olhares dos áureos anais
eram admirados pelo majestoso pulo ao ar
Atravessam nuvens carregadas de chuvas
e rumam pacatas à cidade das acácias
onde à noite repousam nas casuarinas macias
refrescadas na maratona das sensuais curvas
Assim resistem os escassos flamingos
impelidos a cortar os céus sem tabus
e escapar do anzol na ponta dos bambus
que penetram nos mangais até aos domingos
Benguela, 22/02/2012