CENAS CRUZADAS

(extraído do teatro das vidas)

CENA I

Ela fulgurou no palco

O brilho do apogeu,

E teve o que nos deu...

A voz de passarinho.

Buscou pelo carinho

Que um dia adoeceu.

Então perdeu seu chão

Num palco castigado

Um tanto maltratado

Cessou seu coração.

Em meio ao que viu

Na glória que tivera

Se foi a primavera!

Sua vida então partiu.

CENA II

A outra nunca teve palco

Sequer tivera chão,

O brilho do apogeu

A vida nem lhe deu!

Sequer teve carinho.

No solo maltrapilho

Nasceu e adoeceu.

Então buscou um chão

Na lama dum barraco

Num mundo maltratado

Cessou seu coração.

Em meio ao que não viu

Na luta que tivera...

Jamais foi primavera

Sua vida então partiu.

CENA III

Um dia se cruzaram...

Destino foi de céu,

Um céu de outras telas

De doces aquarelas.

A morte então falou:

"Sou eu só vã quimera

de todas as janelas

abertas lá na Terra "

Pois a nenhuma delas

A morte as poupou...

Soprou-lhes a matéria

Às almas as elevou.

CENA IV

Foi breve a mesma história

Que a Vida eternizou.

*****

Nota da autora:

Dedico este poema a dois queridos personagens da vida real que daqui igualmente partiram no mesmo momento, embora de seus mundos totalmente antagônicos.