CENAS CRUZADAS
(extraído do teatro das vidas)
CENA I
Ela fulgurou no palco
O brilho do apogeu,
E teve o que nos deu...
A voz de passarinho.
Buscou pelo carinho
Que um dia adoeceu.
Então perdeu seu chão
Num palco castigado
Um tanto maltratado
Cessou seu coração.
Em meio ao que viu
Na glória que tivera
Se foi a primavera!
Sua vida então partiu.
CENA II
A outra nunca teve palco
Sequer tivera chão,
O brilho do apogeu
A vida nem lhe deu!
Sequer teve carinho.
No solo maltrapilho
Nasceu e adoeceu.
Então buscou um chão
Na lama dum barraco
Num mundo maltratado
Cessou seu coração.
Em meio ao que não viu
Na luta que tivera...
Jamais foi primavera
Sua vida então partiu.
CENA III
Um dia se cruzaram...
Destino foi de céu,
Um céu de outras telas
De doces aquarelas.
A morte então falou:
"Sou eu só vã quimera
de todas as janelas
abertas lá na Terra "
Pois a nenhuma delas
A morte as poupou...
Soprou-lhes a matéria
Às almas as elevou.
CENA IV
Foi breve a mesma história
Que a Vida eternizou.
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Nota da autora:
Dedico este poema a dois queridos personagens da vida real que daqui igualmente partiram no mesmo momento, embora de seus mundos totalmente antagônicos.