Valquírias

Diante dos portões da redenção

Contemplando as dúvidas que alimentam meus pecados

Desfrutando da única certeza que me apraz

Convertendo meus erros em instintos naturais

Tenho agora a marca de luzes seculares

Cunhando em sonhos as desérticas areias de minha mente

Tenho agora o desejo do eterno retorno

Um passado de teimosia e ânsia

A todo instante, tornando antiquado o meu presente

Exibo uma beleza póstuma

Que não pode ser admirada nesses dias de espiritual atrofia

Um sentimento de extremo repúdio, abominação

Pela frágil condição que para mim é uma prisão

Todas as palavras queimam nesta noite de histeria

Todas as misérias afloram nessa era de hipocrisia

Uma escolha, uma visão

Uma utopia, um momento de colisão

Dias de glória que se vão

Sangue, insanidade, satisfação

Exércitos inflamados num turbilhão de mil sóis e ilusões

Nos sombrios olhos do estranho ser que meus sonhos invade

Em meu último momento

Corações ardentes num mundo de poeira e esquecimento

O abraço tão esperado dos irmãos que há muito me aguardam

Em meu último momento

Chamas consumindo os frutos da discórdia e da demência

Um adeus às pelejas, clamores e tribulações

Em meu último momento

Fogo insaciável de gloriosa carruagem

Singrando a escuridão de infinitos céus

Seguindo em direção ao templo da eterna espera

Ao som da sinistra e bela melodia

Que suaviza meu ganido de morte

[Em memória de Nietzsche, em homenagem à beleza da natureza perdida]

Isaque
Enviado por Isaque em 14/01/2007
Reeditado em 16/02/2008
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