Gameleira

“Seja em qual circunstância for

É em legitima defesa

O escravo que mata seu senhor”

Assim, Gama defendia os seus

Advogado por si mesmo

Autodidata das leis...

No esquecimento das páginas

Oficiais de nossa história

Luiz Gama -um guerreiro - sem memória

De filho liberto a escravo

Vendido pelo próprio pai

Lutador por um país sem rei

Trinta anos antes da mentirosa abolição

Pedia dinheiro na rua - contribuição

Para a compra das alforrias dos irmãos

Insubmissão, herdada de Luiza Mahin

Sua majestosa mãe que deixou a Bahia

Temida pelos senhores – Malês, Levante!!!

Avante, não deixou legado financeiro,

Mas eis aqui conselho para Benedito seu herdeiro:

“Crê, que o estudo é o melhor entretenimento”

“E o livro o melhor amigo”

“Desconfie sempre dos poderosos”

Gama, Gama, Gama

Gameleira de raízes profundas

Agarre-se a um dos seus galhos e não se descuida!

A diabete matou esse homem,

mas não a essência dos seus ideais...

“Seja em qual circunstância for

É em legitima defesa

O escravo que mata seu senhor”

Matamos nossos senhores

Quando pegamos em canetas

O estudo é um tiro certeiro...

Modernas cartas de alforrias

Vamos nos defender

Seja na palavra escrita ou na falada

Poesia ou embolada...

Beba na gamela da fonte de Luiz Gama.

Gameleira de raízes profundas e profanas.