FILHA DE GENTE
 
 
Filha de gente era um bichinho autêntico.
E como tal, despia-se do que não fosse naturalmente seu.                     
Triste ou feliz, embaralhava-se no sorriso,
Embaralhava-se no pranto.
 
Por ser pequena e tão grande, de sentimento imenso,
Intensamente vivia,
Observando  a vida  quando triste, alegre, ou magoada,
Misturando-se  ao vento.
 
Brincava com a vida iluminando a noite, 
Amando gente,
Tentando dizer com alma
O que os símbolos não diziam,
O que os símbolos ocultavam.
                     
Fugia do que não fosse essência;
E, desprezando os rótulos,
Ouvia o silêncio
E dele sugava sua vida,  sua força e verdade.
 
Não era mistério.
Apenas um leve e gradativo emergir
Cortado por mergulhos,
Ao fundo das causas,
Ao âmago das coisas,
Ao centro de si.
 
Evaldo da Veiga
13/05/2005
 
Como homenagem à minha doce e meiga amiga Kathleen,
minha Katita, filha de gente.

                                         


 
(*) o poeta Evaldo da Veiga veio a falecer em janeiro de 2013,
em Niterói.
Saudade, amigo. Obrigada pela caminhada.
Kathleen
Evaldo da Veiga
Enviado por KATHLEEN LESSA em 26/12/2011
Reeditado em 03/06/2014
Código do texto: T3406769
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