Ouça. Não entenda.
Eu nem sei se ainda estão aqui
Aquelas fotos que tirei no verão passado
Nem me lembro daquelas palavras que ouvi
Das poesias que recortei do seu retrato.
E aquele beijo ardente
Que fico só nas lembranças
Lembranças de coisas que ainda não vivi.
O pedido de casamento
De um estranho
Um alucinado
Que viaja entre páginas e poeira
Em bebidas e cigarros.
Coisas que são apenas sentimentos
Que surgem num paragrafo
E não tem bem uma explicação.
São porque o são.
Assim como você...
Aguardo sua visita rara
Num dia que estiver disposto
E não tiver desgosto
Quando abrir a janela
E olhar.
Olhar pro mundo a sua volta
Que esta em tudo
Menos dentro de si.
Exceto na sua cozinha
No seu computador
No seu suco de laranja batizado
Nos livros empoeirados da sua estante
Nos papos malucos que você começa
À uma da madrugada
Quando só quero dormi
Mas acabo me rendendo
À suas opiniões furadas
E cada palavra
Que você quiser falar.
Um poeta não é pra entender.
É pra escutar.
Dedicado, desde a hora do seu nascimento, à Silvério Bittencourt.