Ao Anjo Decaído do Espelho Sujo de Poeira

Pelo chão

O caco das palavras que eu quis usar.

Compus um verme,

E nutri a flor do meu destino...

Vulgar.

Pessoas passam por mim,

Vago eu corto as cenas

Esvazio os frascos,

Como um líder,

Como um deus.

Há tantas fugas,

Tantos querer...

Não quero ninguém.

- Seria pintura

A realidade,

O papel,

A vida?

“O beija-for

Beija a sépala da flor”

E eu, que não beijo ninguém,

Sei que isso não convém

Ao decaído anjo

Ao falso santo

Não sonhar

Não sonhar

Não sonhar...

Haveria dias,

Haveria horas,

Haveria paixão,

Vontade,

Amor...

Haveria.

Que palavras

Dizem-me,

Por que os dias difíceis

Fizeram-te

Poeta e triste?

***Citação de Augusto de Oliveira (Brilho-de-Fogo)